Perseu 9
Essa semana Perseu recebeu o seu primeiro corretivo. Fiquei um pouco triste com isso, pois quem não educou direito fomos nós, donos. Acredito que como uma criança, um animal deve ser alertado e corrigido logo na primeira vez que fizer alguma coisa errada e não absolvido como inocente ou um culpado que não sabe o que faz. Na verdade, nós achamos lindas suas primeiras travessuras.
Como os queremos sempre por perto e achamos lindas as suas gracinhas, esquecemos que educar faz parte de uma boa criação e que isso evita dissabores futuros.
Na verdade ele se viu em apuros conosco em duas ocasiões. A primeira foi quando meu marido chegou em casa depois de um dia cansativo no trabalho, resolveu fazer uma boquinha em frente a TV. Ele sentou-se com seu lanche confortavelmente e quem veio recebê-lo na maior felicidade? Perseu quase entrou em seu prato para ajuda-lo com o lanche. Resultado, essa foi o primeiro tapa que ele levou desde que veio para casa.
Hoje, sentada à mesa, mexendo no notebook, senti uma dor excruciante em minha perna esquerda, e como sempre era Perseu agarrado à minha perna como sempre faz para participar de tudo. Coloquei-o no chão e continuei escrevendo quando uns minutos depois ele fez o mesmo com a perna direita, dessa vez quase arrancando uma pinta de nascença. A dor foi tanta que não pensei duas vezes e apliquei-lhe uns tapas no bumbum, no que ele ficou assustado e foi correndo para a cozinha.
Sinto-me culpada sim, pois se ele tivesse feito à primeira vez e fosse corrigido não faria mais, ou talvez lembrasse da lição que recebeu e pensasse se realmente valia a pena se arriscar.
Fico com medo de fazer algo do gênero com minha filha e que mais tarde eu fique com o mesmo sentimento que estou tendo agora com a punição do meu gatinho.
É, nem tudo é um mar de rosas na maternidade ou na criação de um animal de estimação. Hoje em dia vemos toda hora em jornais que animais e crianças são espancados por seus donos e pais e não acreditamos que um ser humano racional tenha coragem de fazer uma coisa tal brutal com seres inocentes. Crueldade é uma palavra muito simples para expressar essa atitude e pode ser que fiquemos com tanto medo que essa verdade avassaladora entre porta adentro que não corrigimos nossas crianças com uns bons tapinhas às vezes.
Pelo menos para o Perseu deu certo, consegui fazer o que precisava, sem interrupções no notebook e se vocês pensam que ele foi ficar triste ou jururu em algum lugar da casa estão muito enganados, pois ele foi direto ao meu banheiro, fazer uma das coisas que mais adora, que é desenrolar rolo de papel higiênico e para ser mais ousado, trouxe para a sala onde eu estava. E agora se vai subir em meu colo quando estou sentada, toma cuidado para não enfiar as unhas em minhas pernas. Creio que com relação aos animais, se nós não o tratarmos como completos irracionais a resposta é sempre positiva.
Pode até doer, para os dois lados, mas às vezes o que resolve mesmo é um tapinha mesmo.