Perseu 7
Ontem recebi uma notícia que temia muito, meu lindo filhote de onze anos de idade morreu na casa de minha mãe. Meu pastor alemão que me acompanhou por tanto tempo foi embora calmo e silenciosamente. Sonhava poder trazer ele para cá um dia, eu e meu marido procurávamos uma casa com um quintal espaçoso e assim que conseguíssemos ele iria juntar-se a nós.
Bem, a vida é assim, já perdi entes queridos e até hoje sinto falta deles. Gostaríamos de viver num mundo perfeito em que ninguém fosse embora, e todos continuassem juntos para sempre. Não consigo expressar a dor de não ter estado perto dele no seu último dia. Minha mãe disse que quando acordou ele já havia morrido, apesar de grande meu querido, não dava muito trabalho.
Minha família não teve nem coragem de falar comigo e contaram ao meu marido por telefone para que ele me acalmasse, mas pelo tom da conversa eu já sabia que algo tinha acontecido com o meu filhote, fui para a sala chorar e Perseu assim que me viu sentada pulou em meu colo e como se quisesse me consolar com sua presença se aconchegou perto do meu rosto quietinho. Ele veio para minha casa com um mês de vida, uma bola de pêlos macios e muito fofo, minha filha tinha quatro anos e ficou encantada com ele, mas confesso que desde a primeira vez que o vi, sabia que aquele cachorrinho conquistou o meu coração completamente.
Passamos poucas e boas juntos, ele e a minha filha tiveram que se acostumar com as mudanças que houvera em minha vida e passaram com nota mil. Sempre juntos o maior tempo que ficamos separados foi agora, para vir para o Guarujá. Sei que ele estava na melhor companhia do mundo, mas eu não estar lá e saber que nunca mais vou vê-lo me corta o coração de uma maneira indescritível.
Não há substituição de pessoas nem de animais queridos, só muitos lembranças de cada momento único. Perseu conseguiu me fazer rir estragando um dos seus “brinquedos”, a caixa de papelão, conseguiu derrubar o leite de sua vasilha no chão, jogar a caixa em cima e a caixa acabou grudando no chão. Sei que não adianta chorar pelo leite derramado, mas tive que raspar a caixa do chão com a da faca e claro com Perseu ao lado, olhando e eu imagino se perguntando, “o que você fez com a minha caixinha”?
Todas as alegrias e farras que tivemos com Perseu desde que ele veio para casa, nos deixou com o coração mais forte para suportar esse baque, que veio tão de repente e minha única alegria em relação ao meu cachorro Speed é que nos últimos meses ele pôde correr livremente e ter companhia de outros cachorros. Minha mãe tem mais três cachorros, duas fêmeas e um macho, Speed que nunca havia ficado muito tempo perto de uma cadela, só quando era levado para vacinar, se sentiu no paraíso e quis dominar o espaço. Fiquei com receio de nosso “arranjo” não dar certo, mas parecia que estava tudo nos conformes, minha mãe já conversava com ele naturalmente como com os outros cachorros dela. Enfim,
Adeus meu lindo filhote, você estará em meu coração para sempre.