Perseu 5
Desde a ajudar a fazer nhoque até a me ajudar a escrever, o Perseu gosta de estar envolvido em tudo. Domingo é um dia esquisito, as pessoas têm sentimentos ambíguos. Algumas acordam contentes, é o segundo dia de descanso, ainda dá para fazer ou ir a um churrasco, beber um pouquinho, não muito porque na segunda é dia de batente e na hora do fantástico começam a ficar triste, o fantástico é sempre o sinal de que tudo que é bom, dura pouco. Já para quem não trabalha é um dia como outro qualquer.
Hoje foi dia de nhoque em casa, eu mesma fiz, auxiliada pelo meu marido e pelo Perseu é claro. Se envolvendo logo no começo da tarefa, enquanto eu descascava as batatas, lá estava ele pendurado nas pernas das minhas calças, não entendia a aflição dele, agarrado na minha perna e miando igual a louco, acabei parando o que estava fazendo e colocando um pouco de leite para ele, achei que estivesse com fome. Mas logo depois enquanto estávamos enrolando a massa para cortar, ele ficou ao nosso lado miando cada vez mais desesperado. O jeito foi dar um pedacinho da massa para ele, e pasmem, o gato é louco por nhoque cru. Tivemos que expulsá-lo da cozinha e fechar a porta para que pudéssemos terminar o almoço.
Engraçado como adquirimos hábitos facilmente, e se for mau hábito mais rápido ainda. Acostumei a dar um cochilo depois do almoço e domingo não é diferente. Depois que enchemos a pança de nhoque, salada e um sorvete de flocos de sobremesa, cada um, eu, meu marido e minha filha fomos fazer alguma coisa que gosta. Adoro dormir em frente á televisão, o zunzunzun do som me leva a um estado de torpor como se tivesse tomado sonífero. E agora tenho um companheiro fiel ao meu mau hábito, Perseu só espera eu me aconchegar no sofá, seja num dia frio como fez essa semana que exige um cobertor ou num tempo melhor que fez hoje, para encostar em minha barriga e dormir a sono solto, as vezes acordo do cochilo e lá está ele encostadinho em mim num sono profundo.
Depois do cochilo bem merecido, “cochilo” que durou duas horas, Perseu acorda com pique para fazer o que vier, ou melhor, o que a gente fizer.
Nós gostamos muito de ficar em casa, por isso nos cercamos de coisas que gostamos de fazer. Eu sou doida por filmes, séries, música e navegar pela internet, meu marido vídeo game, televisão e internet e minha filha gosta de ler, ver tv e internet, internet e internet. Fazemos um rodízio nessas atividades, veja bem, eu não jogo vídeo game e sou totalmente ridicularizada pelos dois por isso, ontem mesmo me disseram que talvez eu conseguisse jogar o mais novo jogo adquirido por eles, mas enfim, percebemos que nosso gatinho também gosta das mesmas coisas que nós, minha filha deve ter cansado de ser derrotada por ele, pois depois de um tempo ela o enxotou do quarto e fechou a porta para jogar em paz.
Além de nos acompanhar em nossas atividades o que ele mais gosta de fazer é rolar uma bolinha que meu marido colocou um rabinho de plástico para dar a impressão de um ratinho.
Perseu ainda tirou um tempinho para me ajudar a escrever, como estávamos em um dos rodízios, meu marido estava no notebook, eu comecei a escrever no meu caderno mesmo, mas não consegui, pois meu gatinho queria escrever uma história e eu outra, acabei desistindo e esperando meu marido sair do note para distraí-lo.
Agora eles estão assistindo Simpsons e ouvi daqui que Perseu acaba de fazer o que ele mais adora, deitar em cima da gente em um lugar como o ombro ou em cima de uma perna, de um jeito que a pessoa fique totalmente imobilizada e ele como sempre o mais confortável possível, afinal quem manda nessa casa é ele.