A Dançarina Parte III
Parou o carro em frente à casa de Sandy, não a chamou, ficou sentado dentro do carro imaginando onde aquela conversa iria dar. Tinha que ir com calma, ela acharia muito suspeito se ele começasse a fazer várias perguntas. Queria fazer justiça e ajudar a prender o assassino de Joanne, mas se não fosse com cuidado ia acabar sendo o principal suspeito.
De repente Sandy sai de casa, batendo a porta atrás de si com toda a força e gritando.
- Eu não sei o que vocês querem de mim!
Olhou para o carro de Jonas, foi até ele abriu a porta, olhou para Jonas e ordenou.
- Vamos sumir daqui.
Obediente, Jonas saiu com o carro, pegando o caminho para sair da cidade. Não tinha ideia de onde ir, mas pelo seu estado, ela não estava ligando para onde ele a estava levando.
- O que foi aquilo? Perguntou Jonas, depois de quinze minutos rodando de carro sem direção.
- Meus pais descobriram que eu danço na boate, por causa do que aconteceu com a Jo, a polícia acabou “deixando escapar”. - Disse ela
- Entendo. E o que você vai fazer? - Perguntou ele, sondando Sandy, queria deixar a garota a vontade para poder entrar no assunto principal.
- Não sei ainda. Vou pensar. A grana é ótima e eu não estou fazendo nada demais. – Disse ela
- Pode ser. – Disse ele
- Se você achasse que era errado não iria ver a sua queridinha dançar. Pensa que eu não tenho visto você lá todo escondido para que ela não o visse. - Disse Sandy
- Eu já frequentava antes dela começar a dançar lá. - Disse ele.
- Então por que se esconder, ficar furtivamente nos cantinhos, para que ela não te visse. Tinha vergonha? Pode ficar sossegado que eu nunca contei para Joanne. - Disse ela
Sem querer, Jonas deu um suspiro de alívio, mesmo sabendo que agora não importava mais, não queria que Joanne ficasse sabendo que a observava.
- Então, o que você quer sabe? – Perguntou Sandy, tirando Jonas de seus pensamentos.
- Quero entender o que aconteceu ontem. Vocês saíram da boate e depois, ela te levou em casa? - Disse ele
- Pelo jeito você sabe o mesmo que eu, colega. Ela me deixou em casa e fiquei sabendo do que aconteceu pela televisão e depois pelos telefones. – Disse ela.
- Mas e o rapaz que foi falar com você, o que ele queria? - Perguntou Jonas
- Na verdade ele queria falar com Joanne, aquele indecente, como todos os indecentes daquela espelunca. Eu estava acostumada com isso, e a Joanne estava se acostumando aos poucos. Os caras nos vêm dançando e pensam que fazemos programa também, é normal. Mas eu dei um fora nele e ele foi embora. – Disse Sandy
- Mas parecia que ele tinha te irritado. – Disse Jonas observando a expressão de Sandy
Inconscientemente Jonas havia dirigido até Tambirá, a cidade onde ficava a boate e decidiu parar para conversarem.
Sandy ficou sem graça ante a lembrança do que o rapaz lhe disse.
- Hã, não foi nada. Ele disse que queria transar com nós duas ao mesmo tempo. Que pagava o preço que quiséssemos. – Disse ela
- E foi só isso? Achei que o vi seguir vocês de carro. - Disse Jonas.
- A única pessoa que eu vi nos seguindo todas as três semanas, foi você, se ele nos seguiu, foi pura coincidência, acho até que o vi nos ultrapassar. Ele era mais um babaca como todos os outros frequentadores. – Disse Sandy, mais uma vez ficando sem graça ao perceber a besteira que havia dito já que Jonas era cliente da boate.
- Será que ele não se sentiu rejeitado e foi atrás de Joanne para tentar estupra-la, mas ela resistiu e ele acabou matando-a. - Disse ele.
- Você pensou muito no assunto não é Jonas?
Lá vem ela com terminando as frases com perguntas novamente.
- Pensei que podia ser uma possibilidade. – Disse ele
Ela mexeu na bolsa e tirou um cigarro.
- Você tem fogo? E sem esperar resposta ela abriu o porta-luvas do carro, levando o maior susto quando em seu colo caiu um objeto todo ensanguentado.
- Jonas o que é isso? – Perguntou Sandy, levantando uma faca cheia de sangue.
Flashes começaram a aparecer em sua cabeça. Joanne abrindo a porta do carro para falar com ele, os dois discutindo, ela rindo dele e depois ela com a blusa toda cheia de sangue com os olhos abertos. Será que ele tinha feito aquilo? Não era possível. Ele não conseguira falar com ela, havia dormido e quando chegara era tarde demais ela estava morta.
E agora Sandy estava olhando para ele com os olhos esbugalhados e gritando, ameaçando sair do carro. Tinha que fazê-la parar, não conseguia pensar direito com ela falando daquela maneira.
Na manhã seguinte Jonas acordou, estava todo vestido ainda, até com a jaqueta. Estava cada vez mais confuso, não se lembrara de ter deixado Sandy em sua casa. Será que eles haviam bebido alguma coisa?
Ela não conseguira dizer nada mais do que ele sabia sobre o caso de Joanne, e nem aceitara a hipótese que o rapaz da boate pudesse tê-la seguido. Era domingo, teria o dia inteiro para pensar como informar a polícia sobre o rapaz, achava que a sua ideia valia a pena ser investigada.
Levantou-se, tomou um banho e foi dar bom dia aos pais. Na sala, seus pais assistiam ao noticiário informando outro assassinato de uma jovem, dessa vez a vítima havia sido encontrada em um terreno baldio em Tambirá, cidade próxima. A polícia ainda não tinha nenhum suspeito e os três sobressaltaram quando a repórter anunciou o nome da vítima. Sandy também morava em Guaribés como a primeira vítima dizia a repórter, mas Jonas já não conseguia ouvir mais nada. Sua cabeça virava alucinadamente, será que o assassino os teria seguido ontem?
***Fim***