A Dançarina Parte II

15/04/2012 22:08

 

 

Jonas entrou em sua casa em estado de choque, não sabia se chamava a polícia ou seus pais. Entrou em seu quarto sem fazer barulho, sentou-se na cama. Pense Jonas, pense, há essa hora alguém já deve ter passado pelo carro de Joanne e chamado à polícia. Se falasse com os pais, teria que explicar o que estava fazendo fora de casa àquela hora e naquele lugar, a casa de Sandy não era no caminho de sua casa. Se a polícia soubesse que estava seguindo as meninas podia desconfiar dele. O que será que acontecera à Sandy, por que ela não estava com Joanne no carro?

Deitou-se ainda vestido e ficou olhando para o teto. Quem fizera aquilo com Joanne, será que fora o rapaz da boate que falara com Sandy. Precisava esperar mais um pouco, num horário seguro iria de carro ao local para verificar se a polícia já estava investigando o caso. Pensava num modo de denunciar o rapaz como suspeito, mas como sem dizer que estava no mesmo local que todos eles.

Com certeza a polícia chegaria até Sandy. Oque Joanne dizia aos pais quando ia para a boate? Eram muitas perguntas sem respostas e Jonas sabia que não pregaria o olho um minuto sem saber o que estava acontecendo. Olhou o relógio, já eram 8 horas, ouvia os barulhos na casa. Sua mãe na cozinha preparando o café e seu pai saindo para buscar o jornal. O sábado era um dia tranquilo em sua casa, seus pais e ele não trabalhavam.

Ele não estava aguentando ficar sem fazer nada. Jogou a coberta longe e foi tomar um banho. Enquanto a agua escorria pelo seu corpo, Jonas sentiu uma sensação de conforto, como se alguém estivesse lhe afagando as costas para tirar a tensão que estava sentindo desde o descobrimento do corpo de Joanne, e quando se lembrou da moça jogada, morta em seu carro, o desânimo e a dor, sim a dor que estava sentindo e não havia identificado até aquele momento voltaram. Sentiu uma pontada no peito, a dor de saber que nunca mais veria Joanne com seus cabelos loiros e face rosada nos corredores da faculdade, sorrindo com as amigas ou então na rua de casa sentada na pedra que havia em frente à sua casa, com os cabelos a cobrir parte do seu rosto quando abaixava para desenhar com um graveto no chão.

Saiu do banho e vestiu-se, iria tomar um breve café com a família e iria verificar o que estava acontecendo.

- Bom dia meu filho, dormiu bem? Perguntou sua mãe abraçando-o.

- Muito bem, mãe. – Respondeu Jonas retribuindo o abraço da mãe.

- Não parece seus olhos estão vermelhos e você está abatido. – Observou sua mãe.

- Deixe o menino em paz Luiza. – Disse seu pai entrando com o jornal e um saco com pães nas mãos.

Jonas olhou em suas mãos, não, ainda era muito cedo para que saísse alguma notícia no jornal.

Tomou o café numa velocidade recorde e ia saindo quando sua mãe lhe interrompeu.

- Aonde você vai com tanta pressa meu filho, nem tomou o café direito. - Disse ela

Vou dar um pulo na casa de um colega, tenho que pegar uma matéria da faculdade. – Disse ele, voltando e dando um beijo em sua mãe e seu pai. Detestava mentir para eles, como filho único, Jonas era tudo na vida do casal.

- Vai com Deus, meu filho – Disse Seu Jorge, pai de Jonas.

Precisava sair logo da frente dos pais, estava se sentindo culpado. Já havia aberto a porta da garagem quando viu que não estava com as chaves do carro. Entrou correndo para pegar as chaves no seu quarto, mas parou abruptamente ao passar pela sala, a TV estava ligada, seus pais gostavam de tomar café vendo as notícias da manhã. Jonas não acreditava no que estava vendo, o carro de Joanne pela TV. A notícia era ao vivo e a repórter dava os detalhes que a polícia tinha no momento.

O carro foi achado por um casal que estava indo trabalhar. Estranharam a porta do veículo aberta, foram verificar o que estava acontecendo quando se depararam com a moça morta dentro do carro.  Chamaram a polícia imediatamente.

A polícia não tinha nenhuma ideia do que tinha acontecido om a moça, não fora assalto, pois sua carteira com todo o dinheiro e  identificação estavam nela.

Quando a repórter anunciou o nome de Joanne, a mãe de Jonas levou um susto e seu pai aumentou o volume da TV, mas a notícia estava no fim, eles não descobriram mais nada.

Ele ficou de pé na entrada da casa, boquiaberto, sua mãe começando a comentar com seu pai.

- Meu Deus, como nossa cidade está violenta! Temos que falar com os pais dela Jorge, eles devem estra inconsoláveis. Nem acredito, ela era uma metidinha, mas não merecia esse fim. – Disse Luiza de um só fôlego.

- Você não sabe o que está falando mãe, ela não era nenhuma metidinha. Só não queria se misturar com qualquer pessoa. -  Disse Jonas defendendo Joanne como sempre fez a vida inteira.

- Nós não somos qualquer pessoa, vimos Joanne crescer e ela passava na frente de nossa casa como se tivesse o rei na barriga com aquele aceno pedante de cabeça, nem se dignava a falar direito com pessoas mais velhas, com educação como seria o correto.

- Pare com isso Luiza. A menina morreu nada dessa besteira importa mais. Vamos esperar as coisas se acalmarem e vamos ver o que podemos fazer pelo Maurício e a Judith nesse momento. Que Deus lhes dê força nessa hora. – Disse Jorge com ar de quem não queria mais conversar sobre o assunto.

 Jonas olhou os pais e foi pegar as chaves do carro em seu quarto. Passou pelos pais e deu um rápido aceno, eles nem notaram a saída do filho, estavam abalados com a notícia.

Jonas saiu com o carro sem direção, não havia mais por que passar no local, Joanne já havia sido levada. Ele sentia um vazio sem fim, queria gritar, falar com alguém sobre o que acontecera, mas com quem?

Resolveu passar na casa de Sandy, não sabia o que fazer quando chegasse lá, mas tomou a direção de sua casa.

Mal virou a esquina da casa de Sandy, avistou um carro de polícia parado em frente a casa. Parou o carro um pouco antes para observar e uns minutos depois Sandy sai acompanhada de dois policiais, eles entram no carro e saem do local.

Jonas deduz que se eles chegaram até a garota, com certeza já sabiam onde as meninas estiveram na noite anterior. Como ele poderia saber em que pé estavam às investigações? Passou em frente à casa de Sandy, nenhum movimento, ele pensou em falar com os pais dela, mas como nunca fora na casa da menina, achava que essa não era a hora para começar.

Foi para casa maquinando, pensando em um jeito de saber mais detalhes sobre a história. Quando chegou, sua mãe estava preparando o almoço e seu pai assistia TV, foi para seu quarto e pegou o celular. Ligaria para um amigo em comum para pegar o número do telefone de Sandy e à noite tentaria falar com ela, com certeza Sandy teria alguma coisa para lhe dizer e quem sabe ela não havia falado com a polícia sobre o rapaz da boate?

Na hora do almoço não conseguiu comer nada, sua mãe até colocou a mão em sua testa para ver se estava com febre. Achava que o filho estava com alguma virose, estava abatido e não era de recusar comida, aos vinte anos Jonas comia muito bem para a idade.

Eram sei horas da tarde quando Jonas tomou coragem e ligou para Sandy, a garota atendeu no segundo toque.

- Alô? – Disse ela com voz chorosa.

- Sandy, aqui é o Jonas.

-Oi. Como conseguiu meu telefone. – Perguntou a garota, fungando.

- O Marcio. Posso ir na sua casa agora? – Ele não queria conversar com ela por telefone

- Jonas, eu estou um pouco ocupada. Essa história da Joanne, você sabe não é? – Disse ela, se desculpando.

- Era exatamente esse o assunto que e queria discutir. – Disse Jonas, falando cada vez mais baixo, levantando e fechando a porta, não queria que seus pais ouvissem.

- Por que, você viu alguma coisa ontem? – Perguntou ela

- Não entendi? Como assim seu eu vi alguma coisa? Perguntou Jonas espantado.

- Eu te vi na boate ontem, você estava lá, não estava? – Disse Sandy

- Estava sim. – Admitiu sem jeito Jonas. Mas não vi nada. Queria saber de você o que aconteceu.

- Pode vir. – Disse Sandy ainda um pouco na dúvida. Você não vai demorar muito não é?

Jonas estava imaginado por que ela terminava as suas frases com uma pergunta.

- Não. Sei que você está muito abalada, só quero vou te dar uma força. – Disse o rapaz para conseguir convencer Sandy de uma vez.

Ele pegou sua jaqueta e as chaves do carro, então Sandy tinha visto ele na boate. Será que só ontem ou todas às vezes?

                                                                                                                                             Continua...