A Dançarina
Ela era muito bela, Jonas a observava todas as semanas na sua dança erótica e sensual. Sabia que ela trabalhava na boate há pouco tempo, seu rosto era uma escultura, Joanne tinha vinte anos. Gostaria de saber se seus pais sabiam de sua nova profissão? Ele frequentava a boate há muito tempo, desde que abrira para ser mais exato e na primeira semana que Joanne dançara, ele se escondera com medo que ela o reconhecesse. Mas ela não prestara atenção nele, era mais um rosto no meio de tantos homens famintos por sua beleza.
Quando ela ficava só com a parte de baixo do biquíni, eles deliravam, colocando dinheiro na única peça de roupa e esperavam que ela mostrasse sua gratidão. Jonas, sempre de longe, só pensava que ela não precisava estar naquele lugar, Joanne era moça de boa família, fazia faculdade e com o rosto que tinha, conseguiria um emprego de modelo a qualquer momento. Achava que ela tinha se desencaminhado por influência de sua amiga Sandy que também trabalhava na boate, mas que não tinha metade da beleza de Joanne.
Era a terceira semana que Jonas via Joanne fazer seu espetáculo e apesar de achar que ali não era seu lugar, Jonas não podia deixar de admitir o seu talento. Aqueles bêbados, solitários que frequentavam a boate babavam por qualquer pedaço de carne que rebolasse na frente deles, mas Joanne era diferente, deixava todos boquiabertos e hipnotizados com sua sensualidade logo que entrava no palco mesmo toda vestida. E quando começava a se despir, conseguia a atenção de todo o público. Jonas desconfiava que o número de clientes aumentou depois da primeira apresentação da moça. Jonas frequentava a boate por ser em outra cidade, um pouco afastada de onde moravam, pois sabia que seus pais não gostariam de saber que ele estava num lugar onde mulheres dançavam seminuas na sua idade.
Desde criança Jonas era meio apaixonado por Joanne, mas apesar de suas famílias morarem na mesma rua e a classe social ser a mesma, Joanne nunca dispensou mais do que um aceno para Jonas. Todos na rua, inclusive seus pais achavam que ela tinha o rei na barriga e que queria ser mais dos que todos. Jonas não ligava para isso, ele só queria ficar olhando Joanne de longe já sabia que nunca conseguiria convidá-la para sair. Na adolescência quando começaram a chover rapazes na porta da casa de Joanne, Jonas ficava no portão de sua casa só observando eles levarem foras da garota que não estava interessada nos garotos do bairro.
Até que um dia Joanne chegou com Silas em sua casa para apresentar aos pais e como fogueira em mato seco a rua inteira ficou sabendo que Joanne estava comprometida com um dos rapazes mais ricos da cidade e que as duas famílias estavam muito felizes com o arranjo.
Isso aconteceu há um ano e Jonas não tinha certeza se os sogros e o agora noivo Silas, saberiam sua ocupação. Nas duas semanas que Jonas vira Joanne na boate, ela saíra logo depois de sua apresentação com sua amiga Sandy e iam embora, deixando Sandy em sua casa primeiro.
Jonas estava muito curioso e nessa noite assim como nas outras, iria segui-las e confrontar Joanne assim que eles chegassem à rua de suas casas. Como ela tinha a coragem de fazer aquilo com todos eles, os pais, o noivo e especialmente com ele, que sempre a defendera, que sempre dissera as melhores coisas sobre ela enquanto os amigos sempre a chamavam de pedante e metida.
Estava no final da apresentação e Joanne estava agradecendo o seu público e se retirando para os bastidores. Jonas viu Sandy, que já tinha se apresentado no bar bebendo um drink e esperando a amiga. Um rapaz se aproximou de Sandy e ela sorriu, ele encostou a boca em seu ouvido e Sandy fechando a cara respondeu algo e se afastou. Logo depois Joanne chegou e começou a conversar com Sandy que meio alterada apontou o rapaz e continuou falando e gesticulando. Joanne tentou acalmá-la e segurando Sandy pelo braço, as duas de afastaram em direção à saída da boate.
Jonas que observava tudo de longe ficou intrigado, olhou na direção que o rapaz tinha ido, mas não o encontrou. Resolveu ir atrás das meninas, com certeza elas já estavam saindo do estacionamento.
Estava frio, Jonas foi atingido com uma rajada de vento, devia ter ser agasalhado melhor, pensou ele. Se dirigindo ao estacionamento, viu o carro de Joanne passando por ele, tinha que correr para alcança-las. Achou melhor dessa vez não segui-las até a casa de Sandy e ir direto para sua casa espera-la e assim pensar direito no que iria falar. Queria trazer Joanne de volta à razão, faze-la ver que aquilo poderia estragar o futuro brilhante que ela tinha pela frente. Sabia que ela podia rir dele e dizer que ele não tinha nada a ver com sua vida, mas ele tinha que tentar, gostava muito dela e queria que ela vencesse na vida.
Já que não ia segui-las até a casa de Sandy, resolveu ultrapassa-las. Viu um carro logo atrás dele reduzir e ficar atrás do carro de Joanne.
Quando chegou à sua casa Jonas, resolveu deixar o carro na rua de trás, se entrasse com o carro na garagem de sua casa iria acordar seus pais e teria que explicar onde estava e não tinha vontade nenhuma de enfrentar o olhar de reprovação de sua mãe àquela hora. Olhou o relógio, quatro horas, era muito tarde, mais meia hora e Joanne estaria chegando.
Ele estava ficando com sono, mas precisava esperar mais um pouco, tinha que falar com ela o mais rápido possível antes que o que ela estava fazendo viesse à tona e fosse tarde demais. Ele resolveu entrar no carro para ficar mais confortável, conseguiria vê-la entrando com o carro na rua, mas acabou adormecendo, achou que foi um fechar e abrir de olhos, mas olhou no relógio e viu que já eram cinco da manhã, daqui a pouco estaria claro. Deu a partida no carro e passou em frente à casa de Joanne, seu carro ainda não estava na garagem, resolveu então fazer o caminho até a casa de Sandy para encontra-la. De repente ela resolveu dormir na casa da amiga aquela noite.
Jonas foi dirigindo devagar, estava sonolento, não havia risco de bater em nenhum carro, as ruas estavam desertas, mas queria acenar para Joanne caso encontrasse com ela no meio do caminho. Chegando perto de um terreno baldio viu o carro de Joanne parado com a porta do carona aberta e o farol ligado. Parou o seu carro logo atrás do dela e saiu do carro, estava começando a achar que alguma coisa errada. Parecia que não havia ninguém no carro, mas quando ele se aproximou da porta do carona a primeira coisa que viu foi o cabelo loiro de Joanne no banco, seus olhos abertos o fitavam com horror. Jonas foi se aproximando e viu a mancha vermelha que crescia cada vez mais no peito de Joanne. Aterrorizado ele deu um passo atrás, estava congelando, mas não sabia mais se era só o frio do inverno. Correu para o seu carro, fechou a porta e deu a partida no carro, não sabia direito o que estava fazendo, só queria se afastar o mais rápido e o mais longe daquela cena. Sabia que nunca mais conseguiria apagar aqueles olhos verdes lhe encarando.
Continua...